um convite à responsabilidade
Acredito fielmente que um dos males da sociedade atual é “endeusar”
coisas que deveriam ser comuns, simples. Um relacionamento baseado em
fidelidade é posto nas redes como “meta de relacionamento”, uma pessoa que
compartilha algo que tem com alguém em situação de rua é santificada, pais que
cuidam de seus filhos, pessoas que superam barreiras entre outros são colocadas
como padrões a serem alcançados, uma “meta de vida”. Meu objetivo aqui
claramente não é desmerecer nenhuma dessas pessoas e atitudes indiscutivelmente
boas, pois, assim como todos, meus olhos também se enchem de alegria em ver
exemplos como esses de relacionamentos e vida, isso me inspira e reafirma que é
ainda é possível.
Tudo que exaltamos subtende-se que é algo que é algo acima
de nós. Passamos muito tempo olhando esses tipos de coisas na internet e em
nossas mentes desejando ter uma esposa ou esposo como aquele do vídeo, filhos ou
pais como aqueles que fulano compartilhou ou um estilo de vida como ciclano e
com isso rejeitamos dentro de nós essa realidade pelo pensamento de “essa
pessoa conseguiu, eu não conseguiria”.
A frase “a grama do vizinho é sempre mais verde” também
cabe à questão. Não é segredo nenhum que o que é exposto em redes fica longe da
realidade do dia a dia, da rotina, do rosto sem maquiagem, das brigas de casais
e por aí vai...mas pergunto: se sabemos disso tudo, porque persistimos em
contemplar as vidas alheias ao invés de tornar a nossa o melhor possível?
A bíblia nos exemplifica, ou melhor, nos dá um manual sobre
diversas coisas que devemos fazer e ser. Sobre o ajudar próximo, a palavra nos
diz em 1 João 3:17-18 que “se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu
irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor
de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.
” Sobre a fidelidade está escrito em Mateus 19:6 “Assim, eles já não são dois,
mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe", e sobre
o verdadeiro Amor, a bíblia está cheia de incríveis descrições e dicas sobre o
que se trata (ler 1 CO 13). Destaco essas passagens para dizer que: já pensou
que aquilo que você olha com brilho nos olhos os outros fazerem não é uma meta e sim uma
obrigação sua?
Se começarmos a olhar coisas que antes eram como “metas de
vida” como “obrigação de vida”, veremos a responsabilidade que carregamos para
conosco e com os que convivem com a gente. Atitudes como a de ser fiel, honrar nossas famílias,
compartilhar o pão com o próximo e o amar como a nós mesmos, amar os inimigos e orar
pelo que nos perseguem são mais do que atitudes que podemos ter, são atitudes
que devemos ter, sim, não são mais do que a nossa obrigação.
É chegado o momento de nos tornarmos menos contemplativos
das realidades alheias e mais seguro do que nós temos em nossa realidade e
naquilo que temos como obrigação com as pessoas ao nosso redor e conosco.
Talvez quando encararmos as coisas de modo diferente, vamos parar de endeusar
pessoas e suas atitudes como melhores do que as nossas e apenas agradecer,
compartilhar e cultivar a boa consciência e alegria de estar fazendo a nossa parte
no propósito ao qual fomos chamados individualmente.
"Pois quem torna
você diferente de qualquer outra pessoa? O que você tem que não tenha recebido?
E, se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?"
1 Coríntios 4:7
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