Apontando o lápis...

Quem nunca amou, mesmo que quando criança, lápis de cor? Eu mesma amava quando precisava pintar algo, pintava tudo fora de padrão de cor e sem nenhum respeito com o limite das linhas dos desenhos hahaha, pintava sem uma lógica "x", e quanto mais cores melhor, apenas amava estar em frente à uma mesa, ou no chão mesmo, com um mooonte de lápis de cor e/ou giz de cera na minha frente só esperando pra serem usados em mais uma "arte abstrata" que eu estava prestes a fazer....

Um dia lembrei que tinha uma caixa desses amados coloridinhos guardada em minha estante, procurei, encontrei, e vi que todos estavam desapontados.Seguia apontando-os quando peguei um que havia apontado e não satisfeita com a já grande e afiada ponta, continuei tentando tornar ele mais afiado ainda, quando terminei, tirei o lápis de dentro do apontador e além de ter quebrado a ponta do lápis, por eu ter teimado em deixar ele ainda mais apontado, ele ficou bem menor que os demais lápis de cor.

Você deve estar pensando "Beleza, mas e daí?" kkkk. Pensemos na sociedade com uma "metáfora dos lápis de cor", ok? Existem pessoas diferentes, assim como lápis diferentes, as vezes em caixas, as vezes soltos por aí, uns menores, uns maiores, uns esquecidos, outros desapontados, somos todos lápis diferentes, viemos de uma mesma caixa mas possuímos nossas distinções, continuamos lápis, só somos diferentes.

Já percebeu que na sociedade em que vivemos as pessoas tendem a se tornar cada vez mais radicais naquilo que acreditam? Por todos os lados vemos pessoas "vestindo a camisa" de movimentos, ídolos, ideias e etc...Em alguns casos se torna difícil a comunicação, em vista de que algo está tão enraizado na pessoa que qualquer traço de discordância é uma ofensa e um chamado para uma guerra de argumentos que no final (quase sempre) não vai dar em lugar algum.

Que tipo de lápis você é? Como no exemplo que dei acima, eu tinha em mãos um lápis bem apontado, não satisfeita queria mais ainda e acabei desapontando e diminuindo o tamanho dele. Todo tipo de extremo é ruim, sabe porquê? Pois sem ponta não posso pintar com o lápis, com a ponta extremamente afiada e grande, corro o risco de perdê-la e ainda perder o tamanho que tinha antes, ou seja, vou pintar menos do que antes porque uma ponta se foi.

Viver uma vida "correndo atrás do vento", sem construções, apenas desconstruções onde tudo depende, tudo varia, nada é sólido e tudo é fragmento pode ser a falta de ponta do nosso lápis, como posso pintar se não aponto algo? Se não tenho uma ponta sólida? Corro, trabalho, faço tanto, e não há nada de proveito debaixo do sol (Eclesiastes 2:11). Em contraponto, uma vida em que algo me é extremo, busco no alheio a realização do EU, busco em livros, movimentos e frases prontas o segredo de descobrir quem sou, me torno extrema a tal ponto de não somente apontar o lápis mas quero cada vez ficar mais afiada e desejar que todos os lápis ao meu redor se apontem conforme me aponto, posso perder a ponta. Nos empenhamos tanto em conhecer,buscar e saber algo, que nosso espírito se aflige (Eclesiastes 1:17-18).

A arte do equilíbrio...Como disse anteriormente, o primeiro caso me deixa sem ponta alguma, o segundo me faz perder a que eu tinha...Como diz em Provérbios 3:21 "Meu filho, guarde consigo a sensatez e o equilíbrio, nunca os perca de vista;" e em 2 Timóteo 1:7 "Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio." nesses e em outros versículos podemos ver Deus nos lembrando a importância de termos o equilíbrio em nossas vidas, sabermos ser moderados é algo de extrema importância, nem muito pouco, nem exageradamente demais, apenas moderados, um lápis de cor serve para pintar, foi criado para isso, do que me serve um lápis sem ponta? Tanto eu não apontar, quanto apontar demais, faz do meu lápis, um lápis sem ponta, já um lápis apontado com moderação, me dá a ponta devida para o perfeito uso dele naquilo que foi criado para fazer, pintar.

Vamos apontar os nossos lápis? Usando a moderação, podemos caminhar em equilíbrio tanto com as relações que temos conosco e com as outras pessoas de nosso convívio. A ausência traz carência, desequilíbrio, o extremo fere, não comunica, apenas dita ordens para nós mesmos e para os outros, o equilíbrio nos dá o tamanho certo para colorir a vida não apenas com o que temos em ponta, mas carregando pessoas conosco de forma saudável e equilibrada, tornando o desenho da vida, bem mais colorido! É como aquela musiquinha do Mogli - O menino Lobo, "Eu uso o necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais, eu digo necessário, somente o necessário, por isso é que essa vida eu vivo em paz"!!

"Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense em si mesmo além do que convém, antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um."
(Romanos 12:3)